Papai escreveu antes de eu nascer, quando eu estava na barriga da minhã mamãe:
Conversas dentro do templo do amor!
Num lugar escuro.
Um raio de luz se forma.
Disparado em lampejos.
TUM: Mamãe, você está aí?
Somente o silêncio.
TUM TUM: Hei mamãe, é a Nicole! Você está aí?
Mamãe espreguiça e se senta.
– Oi meu amor! Eu estava dormindo, quase sonhando. Você já acordou, é tão cedinho...
TUM: É que eu queria conversar...
– Então fale meu anjinho.
Neném meditando.
TUM: Eu estava pensando. Você me disse que tem tanta coisa ruim que acontece no mundo. Eu fiquei com medo. Hoje me sinto tão protegida. Como é que vai ser no futuro?
Mamãe pensou antes de falar.
– Vai continuar sendo da mesma forma que é hoje. Continuarei te protegendo e te ensinando. Com o tempo você vai crescer e conseguirá ser tão independente que a mamãe sentirá saudades de como você é agora.
TUM: É sempre assim que as coisas são?
– Na maioria das vezes sim!
TUM TUM: Quer saber mamãe, eu não queria crescer!
– Mas por quê?
TUM: Queria continuar sempre pequenininha, pois não preciso de mais nada. Eu já tenho você mamãe!
Mamãe se emociona.
– Que lindo o que você sente meu amor, mas a vida não é assim. Eu não vou viver para sempre e você tem que crescer, pois um dia talvez venha a cuidar de mim e dos filhinhos que você tiver.
TUM TUM: Cuidar de você? Filhos?
– A vida é um ciclo sem fim que não para de se alterar. Os filhos nascem, crescem, amam, têm filhos, netos e um dia voltam para o lugar de onde vieram em forma de almas. É por isso que um dia você pode ter filhos. Quanto a poder cuidar de mim, conforme o tempo passa nossos corpos envelhecem e nos tornamos muito mais sensíveis ao meio em que vivemos e geralmente precisamos ser amparados pelos filhos.
TUM: Acho que entendi. Muito linda a vida vista deste jeito que você falou mamãe, uma coisa muito bonita mesmo.
– Tinha que ser meu amor. A vida é como uma passagem que nos foi dada pelo Criador, onde desde quando nascemos começamos a escrever a nossa história.
TUM TUM: E falta muito para a gente se ver?
Mamãe calculou.
– Até que não! Daqui uns dois meses. Você está com pressa?
TUM: Não! É bom sentir nossos corações batendo junto, como se existisse um só. É que tenho a curiosidade de sentir também meu papai, meus avós, meus tios. Você me contou que eles são diferentes uns dos outros, mas no fundo sinto que são todos iguais a você, cheios de amor e de carinho, só que cada um de um jeito.
– Nossa! Como você chegou a esta conclusão?
TUM: É que me parece difícil alguém não gostar de amar.
– Você tem razão meu amor. Todos amam e são amados de uma forma ou de outra, alguns mais outros menos. Também vejo as coisas assim. Bom, agora que já conversamos bastante vou descansar e você já sabe: quando quiser conversar mais ou precisar de mim basta me chamar.
TUM: Tudo bem mamãe.
Mamãe deita de lado.
E alguns minutos depois...
TUM TUM: Ah mamãe ia me esquecendo de dizer que eu te amo! Descansa, daqui a pouco te chamo...
Mamãe sorri feliz enquanto dorme desfrutando de um sonho bom.
A luz devagar enfraquece transformando tudo.
Num lugar escuro.
Mas agora nem tanto...
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Oiiiii! Bjinhus!